Olhos secos: cuidados evitam dor e infecções
Sensação de queimação e ardência, olhos cansados ou sobrecarregados após uma leitura e desconforto com lentes de contato podem ser sintomas de olhos secos. De acordo com a oftalmologista Ruth Miyuki Santo, responsável pelo Ambulatório de Córnea e Superfície Ocular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), os olhos tem uma lubrificação natural chamada lágrima ou filme lacrimal. Além de lubrificar, esse líquido protege nossos olhos contra micro-organismos estranhos, que podem agredir a visão. As lágrimas são produzidas nas glândulas lacrimais e compostas por água, sais minerais, gorduras e proteínas. Quando as glândulas lacrimais sofrem alguma mudança que interfere na produção de lágrima, os olhos ficam ressecados e menos protegidos, causando desconforto e problemas de visão.
A síndrome do olho seco geralmente é causada por anomalias das glândulas lacrimais que impedem a produção adequada de lágrimas. “Mas o ressecamento ocular também pode acontecer por fatores externos, como o excesso de poluição ou o uso excessivo de computadores, celulares e tablets”, afirma a oftalmologista. O tratamento para olhos secos irá depender da causa, mas algumas medidas podem ser adotadas por qualquer paciente para amenizar os sintomas e evitar irritações.
O diagnóstico do olho seco é fundamental para que se possa planejar seu tratamento. A abordagem varia conforme a causa, que podem ser desde envelhecimento até o uso de medicamentos que interferem na produção de lágrimas, passando por problemas como excesso de exposição ao sol, poluição, lesões oculares e outras doenças relacionadas.
Dessa forma, é importante buscar ajuda médica se você estiver sofrendo com os sintomas de olhos secos, para encontrar um tratamento adequado e seguir as dicas de prevenção.
“O uso de celulares, tablets e computadores causa uma tensão visual constante, pois a pessoa passa mais tempo com o olho fixo prestando atenção em um texto ou uma tela”, afirma a oftalmologista Ruth Miyuki Santo, responsável pelo Ambulatório de Córnea e Superfície Ocular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Esse esforço visual constante faz com que a pessoa pisque menos do que deveria, prejudicando a lubrificação ocular e favorecendo a evaporação das lágrimas com mais rapidez.
Pessoas com olhos secos devem usar esses dispositivos de forma mais cautelosa, evitando passar ficar muitas horas seguidas em frente às telas. “No caso do trabalho com uso do computador o recomendado é que a cada 50 minutos seja feito um pequeno intervalo redirecionando o olhar para um ponto distante, ao infinito, com finalidade de relaxamento da musculatura intrínseca do olho”, ressalta a oftalmologista Tania. Se estiver lendo um livro, tente fazer as mesmas pausas.
O piscar tem por finalidade o espalhamento da lágrima sobre a superfície ocular, determinando sua renovação e proteção. Ao forçarmos o olhar perante telas e livros, devemos nos certificar de que estamos piscando adequadamente, e fazer uma pausa quando necessário. “O piscar deve ser respeitado tanto para pessoas que tem problemas oculares como para as pessoas que usam a leitura para trabalho ou lazer no computador”, diz a oftalmologista Tania.
A ingestão de líquidos, principalmente de água, é muito importante. “As pessoas deveriam ingerir pelo menos de dois a três litros de água ao dia, e essa recomendação é de extrema importância para quem sofre com os olhos secos”, explica Tania Schaefer. Basta seguir a seguinte lógica: quando você passa muito tempo sem ingerir água, seus lábios tendem a ficar mais secos. O mesmo acontece com seus olhos, ainda que você não sinta tão intensamente. Uma hidratação adequada ajuda a garantir a lubrificação dos olhos por meio das lágrimas.
Os olhos são sensíveis e ficam constantemente expostos a todo tipo de agente irritante – e quem tem os olhos secos está em maior risco, uma vez que o filme lacrimal tem a função de proteger nossa visão de agressões externas. “Ambientes climatizados com ar condicionado, umidade do ar muito baixa e exposição à fumaça do cigarro estão entre os principais irritantes oculares”, alerta a oftalmologista Ruth.
Segundo a especialista, os umidificadores de ar são aliados de quem precisa enfrentar o clima seco. No ambiente de trabalho, o ideal é se expor minimamente ao ar condicionado na medida do possível, caprichando na hidratação e lubrificantes oculares. “Evite também o ar condicionado do carro, faça um uso moderado e cauteloso do aparelho”, lembra. Usar óculos de sol que protegem dos raios UVB também é importante, uma vez que a exposição excessiva ao sol contribui para a evaporação lacrimal. “Já a fumaça do cigarro e a poluição atmosférica contém partículas irritantes que desestabilizam o filme lacrimal, comprometendo a lubrificação”, explica Ruth. Mantenha distância do cigarro e busque alternativas para driblar os danos causados pela poluição, como o uso de colírios e lubrificantes oculares.
“O ômega 3 tem um efeito estimulador da produção lacrimal, melhorando a qualidade da lágrima”, afirma a oftalmologista Tania. Esse é um ácido graxo essencial, ou seja, que o organismo não produz. “Ele é incorporado na secreção de algumas glândulas lacrimais na pálpebra, formando uma cama de gordura em torno do olho para evitar que a lágrima evapore”, explica Ruth Miyuki Santo.
Para entender como o ômega 3 age na proteção ocular, basta imaginar dois copos com água. Em um deles, é adicionada uma pequena quantidade de óleo, que irá boiar por cima do líquido. Se ambos os copos forem deixados ao ar livre durante algumas horas, percebe-se que o copo sem óleo terá evaporado mais água. “O mesmo acontece com nossos olhos, que tem uma camada lipídica produzida por glândulas que tem uma certa quantidade de ômegas”, completa a oftalmologista. Por isso que a ingestão de suplementos de ômega 3 ou alimentos que contenham o nutriente ajudam o paciente que tem uma tendência ao ressecamento ocular. Aumentar a ingestão de peixes, ovos e sementes como linhaça ajuda a incrementar a ingestão do nutriente. O médico ou médica também poderá dizer se a suplementação é necessária.
“Se não é feita uma higiene adequada na pálpebra, cílios e bordas dos olhos, as glândulas já citadas podem entupir e não produzir as gorduras que evitam a evaporação da lágrima”, diz a oftalmologista Ruth. O ideal é usar produtos específicos para limpeza ocular ou então, segundo a especialista, um xampu infantil diluído em água. “Durante o banho, coloque uma gotinha de xampu infantil na palma de mão, faça uma espuma e friccione essa espuma na região dos cílios e borda palpebral – sempre com os olhos fechados, mas não apertados”, explica. Já os produtos específicos para limpeza devem ser utilizados seguindo as instruções médicas. Essa higiene ajuda as glândulas a trabalharem melhor e evita irritações.
Fonte: Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo